A primeira coisa a fazer é falar, e ouvir. Digo em primeiro “o falar” e só depois “o ouvir” porque tenho verificado uma tendência em certas pessoas para dizer que “os outros não ouvem” quando na verdade são essas pessoas as que não falam. Resmungam, fazem birras, queixam-se aos amigos, mas na verdade não falam. Aprender a falar, a falar sempre. Não deixar que aquilo que nos afecta de forma negativa se acumule sem que o outro o saiba, sem falarem sobre isso. Muitas das vezes são comportamentos que o outro pode alterar, e frequentemente são questões que uma vez debatidas podem ser geridas e deixar de actuar negativamente na percepção que se tem do outro.
A segunda coisa a fazer é, tão somente, abrir os olhos e olhar para o outro. Olhar realmente, como se fosse todos os dias a primeira vez que o vêem. Deixar-se encantar por aquilo que se gosta no outro, como se fosse a primeira vez. Não é fácil, mas a prática torna mais simples. Acima de tudo, nunca, mas nunca banalizar o que o outro tem de bom, nunca deixar de lhe dar valor, nunca fazer com que isso deixe de contribuir todos os dias para o crescimento dos "vectores" do que nos atrai. Esta aclamada “banalização” que muita gente deixa acontecer faz com que muitos dos "vectores" positivos “deixem de contar” e acabem soterrados debaixo das pequenas coisas negativas que mais tarde ou mais cedo surgem em todas as pessoas. Não saberei deixar de olhar para ti como a pessoa por quem me apaixonei de verdade, passando a ver a pessoa que se esquece de ir ao supermercado comprar leite. Esta atracção não se esbate porque não é possível esquecer-me dela.
A terceira coisa a fazer, que julgo ter de ser do entendimento comum, é amar como a coisa inseparável das pessoas que se amam. Não há “o eu”, “o tu” e “o amor”. O amor é nome para muitas coisas, mas vou simplificar, sem saber se ajuda: Amar também é esta atracção. E sem atracção não há amor completo. E a atracção é uma coisa muito concreta – é a atracção que tenho por ti, é a atracção que tens por mim, é a inicial, dinâmica, que nos faz juntar, é a quotidiana, estática, a que nos faz ser juntos, mesmo na impossibilidade.
Tens de saber isto, e tens de saber que esta atracção que te falo, não é coisa para fechar no armário e só reparares nas coisas chatas, na espuma dos dias. Lembra-te todos os dias num segundo da tua vida dela. E o amor é quase isto na sua totalidade, em que, com o tempo, não consegues olhar para a mulher que amas sem te apaixonares por ela all over again.