Anathema

No fim de um dia, quer tenha passado depressa ou devagar, há coisas de que nos lembramos e outras que esquecemos. Das horas do dia não guardamos todos os minutos, só alguns momentos. Trazemo-los na memória e no coração, às vezes sem querer, às vezes recordando o que gostaríamos de conseguir esquecer. Pomos as palavras que nos magoaram em cima da mesa e ficamos a olhar para elas, a tentar perceber por que razão não nos desfizemos delas antes de entrar em casa. As outras, as palavras que nos sossegaram e deram alento, guardamo-las no olhar e, quando vamos à janela admirar a noite, as estrelas piscam mais por reconhecerem em nós a luz de que são feitas.

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