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Anathema

"Todos elogiam o sonho, que é o descansar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar dos sonhos"

Anathema

"Todos elogiam o sonho, que é o descansar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar dos sonhos"

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Anathema, 11.05.22

 

Nem sempre tivemos o vento de feição. Nem sempre o céu esteve limpo e nem sempre as estrelas se mostraram. Nem sempre o mar esteve calmo e nem sempre houve um farol que nos guiasse. Nem sempre nos deixaram seguir em paz. Fomos abalroados algumas vezes, fomos arrastados pelas correntes que não escolhemos. Nem sempre tivemos quem ficasse connosco para sempre. Nem sempre nos disseram coisas que nos animassem como raios de luz ou brisa nos cabelos, nem sempre quis ficar quem ainda permanece. Nem sempre a vida nos guardou a melhor parte, como fazem sempre as mães. Nem sempre tivemos quem cuidasse de nós e nem sempre houve quem fosse capaz de se pôr no nosso lugar. Só por um instante, só para ver por instantes a nossa forma de ver. Nem sempre conseguimos que houvesse quem nos ajudasse a conseguir, nem sempre conseguimos lembrar-nos de esquecer quem nos ignorou. Nem sempre os dias foram dias, às vezes foram noites longas. Nem sempre aconteceu o que deveria ter acontecido. Tantas vezes nos aconteceu que as coisas não tivessem acontecido.
Mas estamos aqui. Como terras que a vida lavra. Com os sulcos que a vida deixa, estamos aqui. Somos o chão dos caminhos que percorremos e somos o chão do que ainda temos de andar. Ninguém pisa o mesmo chão. Nem sempre nos lembramos disso.
 
lado.a.lado

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