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Anathema

"Todos elogiam o sonho, que é o descansar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar dos sonhos"

Anathema

"Todos elogiam o sonho, que é o descansar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar dos sonhos"

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Anathema, 26.04.22

 

Ele queria moldá-la, submetê-la às suas vontades, transformá-la em algo que ela não era.
Dava-lhe sugestões sobre o cabelo, sobre as roupas, sobre as amizades, as leituras, os gostos, como se ela nunca fosse suficiente como era. Comparava-a.
Ela tinha nascido livre, completa, inteira. Sabia o que queria. Nasceu num dia de vendaval e por isso nenhuma tempestade a assustava.
Ele dizia-lhe que se ela o deixasse ir, ele nunca mais regressava. Que se ela o deixasse ir, nunca encontraria ninguém tão bom como ele, que a amasse tanto como ele amava.
Ela ouvia-o e não falava. Apenas, pensava, para dentro de si mesma, que não fazia mal, que ela tinha nascido assim e que assim se manteria. Se era pouco para ele, que se fosse embora, que procurasse o seu caminho.
Ele foi e depois de correr o mundo, quis regressar, mas ela já não o queria.
Sozinha, percebeu, que nunca seria feliz ao lado de quem não a aceitasse como ela era.
Ele continuou à procura. Ela já se tinha encontrado.

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