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Anathema, 31.03.22
Quer saber? “Eu sou um poema inacabado que ninguém nunca leu.
Eu sou a paisagem daquele quadro que o pintor não terminou.
Eu sou uma tarde quente de verão em que não choveu.
Eu sou Aquele rio que secou Antes de alcançar o mar.
Eu sou aquele sonho bonito que ninguém realizou.
Eu sou a escultura quase perfeita que caiu da mão e quebrou.
Eu sou aquela paixão gostosa que por medo, alguém sufocou.
Eu sou o amor que alguém esperava mas nunca chegou.
Eu sou metade do que eu desejava ser...
O dobro do que eu nunca esperei...”
Clarice Lispector