...
Anathema, 03.09.21
Agostinho da Silva - Dizendo que vale a pena jogar na confiança; que é bom estar de sobreaviso quando tudo nos corre bem; que o máximo de maré baixa é a véspera exacta do encher da maré; que não é mau cantar-se quando chove; que não façamos muito má cara às nossas fraquezas, porque nos pode ficar o rosto demasiado franzido perante as fraquezas dos outros; que não prejudica bater às portas, quer se abram ou não; que não julguemos ser senhores da verdade; que nada excluamos em nós para ficar mais belos, porque nos arriscamos a ser as galinhas tristes que os jardineiros de mau gosto talham dos fortes buxos; e, finalmente, que não demos importância às conclusões que tiraram os outros de suas experiências: para nós só são fecundas e válidas as que nós próprios tivermos."
- Agostinho da Silva, Separata para Cem Amigos, Entrevista a Tereza Sá Nogueira (1975), IN Paulo Borges (org.), Agostinho da Silva - Dispersos, Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, Ministério da Educação, 1988, p. 30.