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Anathema

"Todos elogiam o sonho, que é o descansar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar dos sonhos"

Anathema

"Todos elogiam o sonho, que é o descansar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar dos sonhos"

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Anathema, 31.10.24

 

“Uma manhã, despertamos… e somos trinta, quarenta…
Percebemos que os anos passaram, deixando marcas sutis, rugas nos cantos dos olhos. O relógio avança, implacável, e sentimos a urgência de conferir…
Pensamos nas pessoas que passaram por nossa vida, nos que importaram, nos que se foram cedo demais, nos que nos fizeram rir, chorar, sonhar… Revivemos momentos de felicidade e solidão, sonhos que nutrimos e abandonamos. Cada um traçou o próprio caminho, uns mais brilhantes, outros mais tortuosos.
É então que entendemos: a vida é feita de fases, de ciclos. Cada etapa é única, com seu sabor, aroma, rostos e histórias. Assim, colecionamos memórias: nomes, rostos, amores, decepções…
Porque a vida, no fim, é exatamente isso: um legado de memórias.”
 
Laurence Baïdemir

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Anathema, 28.10.24

 

A DOR QUE DÓI MAIS
"Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dói. Bater a cabeça na quina da mesa, dói. Morder a língua, dói. Cólica, cárie e pedra no rim também doem. Mas o que mais dói é saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Dói essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o escritório e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando
no inverno, não saber mais se ela continua pintando o cabelo de vermelho.
Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu, não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango assado, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Coca-cola, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua surfando, se ela continua lhe amando. Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ele esta com outra, e ao mesmo tempo querer. É não querer saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo querer. É não querer saber se ela esta mais magra, se ele esta mais belo.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim, doer."
 
Martha Medeiros

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Anathema, 27.10.24

 

“Poucas dores são tão profundas quanto o silêncio entre duas almas que se amam, mas se afastam: uma, por não saber dar prioridade; a outra, por ter que escolher o próprio valor. “
 
~ Mario Benedetti
 

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Anathema, 27.10.24

 

“No fim, talvez não precisemos fazer nada para sermos amados. Passamos a vida tentando ser mais bonitas, mais inteligentes, buscando aprovação. Mas aprendi duas verdades: quem nos ama enxerga além, vê qualidades que nem nós sabemos ter; e aqueles que se recusam a nos amar jamais serão conquistados, por mais que nos esforcemos. É importante abraçar nossas imperfeições, pois elas são preciosas para que possamos reconhecer aqueles que realmente nos enxergam com o coração.”
 
Frida Kahlo

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Anathema, 27.10.24

 

Johnny Depp certa vez disse:
“Aquilo que você tolera uma vez se torna o padrão, uma porta aberta para a repetição. Quando não estabelece limites, ensina aos outros – e a si mesmo – que o desrespeito ao seu bem-estar é aceitável. Cada concessão que vai contra seus princípios é uma permissão silenciosa para que o incômodo retorne. Estabelecer limites não é apenas firmeza; é um ato de respeito próprio.”

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Anathema, 27.10.24

 

Penso em todo o amor que pulsa no mundo — o amor daqueles que escolhem estender a mão quando nada os obriga, daqueles que doam sem jamais esperar retorno. Penso nos heróis silenciosos, que serão esquecidos, cujos nomes jamais figurarão nos livros de história, mas que, a cada dia, com pequenos e invisíveis gestos, preservam o que há de mais humano em nós. São esses corações anônimos que, na quietude de suas ações, salvam, pouco a pouco, a humanidade da sua própria ruína.
 
Marie Varelle, romancista francesa

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Anathema, 27.10.24

 

“Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo, tira-lhe o voo. Quem força uma semente a germinar, compromete sua essência. Quem busca despertar a consciência em quem ainda não está pronto, semeia confusão. Há processos que exigem seu próprio tempo, brotam de dentro para fora. A pressa de ajudar pode sufocar a natureza das coisas que precisam florescer sozinhas.”
 
— Arte: Rembrandt
 
 

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Anathema, 27.10.24

 

“Poderia ter dito ‘envelhecer é miserável, insuportável, doloroso, horrível, deprimente, mortal,’ mas escolhi ‘cachorro’ – um adjetivo que carrega uma força sem tristeza. Envelhecer é uma merda, pois não sabes exatamente quando começou, nem quando vai acabar. Não é verdade que envelhecemos desde que nascemos; passamos boa parte da vida na pele de alguém vigoroso, invencível. Nos sentíamos conquistadores do mundo, como se o tempo não pudesse nos alcançar.
Mesmo aos cinquenta, a vida ainda era plena; aos sessenta, ainda havia músculos, projetos, desejos. E ainda tenho isso tudo dentro de mim. Mas então, um dia, vi o olhar dos mais jovens. Homens e mulheres no auge de suas forças já não me viam mais como um deles, e, de repente, eu soube: algo tinha mudado. Li nos olhos deles, até dos meus próprios parentes, a distância sutil, mas implacável. Não haveria mais indulgência – só uma polidez distante, uma admiração educada, mas impiedosa.
Sem perceber, eu havia cruzado uma fronteira invisível, o apartheid da idade, onde a força dos sonhos ainda existe, mas os olhos ao redor enxergam apenas as marcas do tempo.”
 
— Bernard Pivot, Palavras da Minha Vida (2011)

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Anathema, 27.10.24

 

Certa noite, recebi um telefonema de um amigo querido. Ele apenas perguntou como eu estava, e sem pensar, confessei: “Sinto-me muito sozinho”.
“Queres conversar?”, ele sugeriu prontamente. “Quer que eu vá até tua casa?”
Aceitei. Em menos de 15 minutos, ele estava batendo à minha porta. Passamos horas conversando. Falei sobre meu trabalho, minha família, dúvidas, problemas… e ele, sem pressa, apenas ouvia. Havia algo na sua presença que me trouxe paz, um alívio inesperado. No final da noite, ele disse: “Preciso ir agora, é hora de trabalhar”.
“Desculpa por te manter acordado a noite toda”, eu disse, envergonhado.
Com um sorriso gentil, ele respondeu: “Não há problema, é para isso que servem os amigos”.
Acompanhei-o até a porta, e enquanto ele se afastava, perguntei em voz alta: “Aliás, por que ligaste tão tarde ontem?”
Ele parou, virou-se e, num tom suave, revelou: “Eu fui ao médico. Não sabia como te contar, mas… tenho câncer.” Diante do meu silêncio estupefato, ele sorriu, tentando me tranquilizar: “Falamos sobre isso outra hora, não te preocupes. Cuida de mim, sim?”
Senti um aperto no peito ao perceber o que ele havia feito. Enquanto eu derramava meus problemas, ele carregava, silenciosamente, a dor de sua batalha. Perguntei a mim mesmo como alguém, no meio de sua própria tormenta, encontrava forças para estar ali por mim. Naquele momento, aprendi uma verdade que ecoa desde então: viver para servir não é apenas um ato de bondade, mas uma dádiva para quem abraça.
A vida é uma escada. Se olhares para cima, sentirás sempre o peso de quem está à frente; mas, ao olhar para baixo, verás quantos dariam tudo para estar onde estás.
 
— Robert Vecchioni

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Anathema, 27.10.24

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