As religiões compreenderam que se impedirmos a energia sexual de seguir o seu curso natural, o homem conseguirá ver Deus, encontrar-se com Jesus, falar com Krishna, e tudo será possível. A energia sexual é uma espécie de droga, a mais poderosa que a natureza inventou. É por isso que quando nos apaixonamos por uma mulher, vemos nela coisas que mais ninguém vê. São as nossas projeções. É a nossa droga, as nossas substâncias químicas, as nossas hormonas, que criam a alucinação em torno da mulher. A mulher é apenas um objeto, um ecrã, no qual projetamos o nosso filme.
E depois de satisfazermos o nosso desejo sexual com essa mulher, ficamos muito dececionados. Descobrimos que não se trata da mesma mulher: apaixonámo-nos por uma pessoa diferente. Não é a mesma mulher. No entanto, sabemos que é, de facto, a mesma, pelo que há uma certa deceção, esta mulher dececiona-nos. A causa da nossa deceção, no entanto, é a biologia e não a mulher.
A mulher, por seu turno, também se projetou em nós, e quando a lua de mel chega ao fim, termina a projeção. Ela olha para nós e vê apenas um homem vulgar, um homem que não tem nada de especial. Antes, tudo era especial: a nossa maneira de andar, de falar, em tudo havia algo de único. Agora, somos apenas um homem, nada mais. A frustração é grande nos dois lados. Agora, estamos frente a frente e olhamos um para o outro sem fazer projeções. Daí, as discussões constantes. É inevitável.
Osho (A Magia da Autoestima)