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Anathema, 31.03.22
Se me quiseres (re)lembrar não voltes ao lugar onde um dia me encontraste. Busca-me antes por aí no inesperado, onde já não existe espaço para o nosso passado. Não caías no erro de me procurares nas cinzas do que restou de tudo o que o nosso amor foi.
Aí não me irás (re)encontrar. Decidi que iria mudar!
Depois de ti, era hora de dar outra cor à minha negra vida.
Agora, caminho pelas ruas onde antes tinha medo de pisar. Resolvi inovar depois de ter escutado os gritos de uma tempestade que me arrastou para fora deste mar em que estava quase a afogar-me.
Agora, que sei que a saudade também te enfrentou. Que a saudade te desenhou uma foto de quem eu era, para que não duvidasse de que um dia me amaste.
Agora, não voltes ao sitio onde um dia fomos felizes, porque lá jamais me irás encontrar. Não queiras fazer duas vezes a mesma viagem.
Na vida os amores verdadeiros só se vivem uma vez, e os (re)começos são vividos longe do chão que já pisamos. Os (re)começos emprestam-nos asas para voarmos, de modo a evitar desculpas para desistirmos da viagem.
E foi isso que faço esta viagem, voando para parte incerta. Ando por aí, por onde o destino me quiser levar e por onde o amor me chamar.
Agora, resta-te o inesperado, onde só me encontrarás se estiveres preparado para ser outro. Terás que vestir outro sentir, porque a dor me tornou exigente e agora só me entrego a quem me sabe amar de olhos fechados.
Se me quiseres (re)lembrar, lembra-te antes que tens que ser tu a mudar, porque eu continuo a mesma e por isso mesmo é que não me irás reconhecer.
@angela caboz