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Anathema

"Todos elogiam o sonho, que é o descansar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar dos sonhos"

Anathema

"Todos elogiam o sonho, que é o descansar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar dos sonhos"

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Anathema, 23.11.16

 

“Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo”. Zygmunt Bauman

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Anathema, 12.11.16

 

“Você ter utilidade pra alguém é uma coisa muito cansativa. Ta certo, realiza. Humanamente falando é interessante você saber fazer as coisas, mas eu acredito que a utilidade é um território muito perigoso, porque muitas vezes a gente acha que o outro gosta da gente, mas não. Ele esta interessado naquilo que a gente faz por ele. E é por isso que a velhice é esse tempo que passa a utilidade e aí fica só o seu significado como pessoa. Eu acho que é um momento que a gente purifica, né? É o momento em que a gente vai ter a oportunidade de saber quem nos ama de verdade. Porque só nos ama, só vai ficar até o fim, aquele que depois da nossa utilidade, descobrir o nosso significado.

 

Por isso eu sempre peço a Deus, sabe? Sempre faço à Ele esta oração “Poder envelhecer ao lado das pessoas que me amem”. Aquelas pessoas que possam me proporcionar a tranquilidade de ser inútil, mas ao mesmo tempo, sem perder o valor. Quando eu viver aquela fase na vida: põe o Pe. Fábio no sol… Tira o Pe. Fábio do sol… Aí eu peço à Deus sempre a graça de ter quem me coloque ao sol, mas sobretudo, alguém que venha me tirar depois. Alguém que saiba acolher a minha inutilidade. Alguém que olhe pra mim assim, que possa saber que eu não sirvo pra muita coisa, mas que eu continuo tendo meu valor. Porque a vida é assim, minha gente, fique esperto, viu? Se você quiser saber se o outro te ama de verdade, é só identificar se ele seria capaz de tolerar a sua inutilidade. Quer saber se você ama alguém? pergunte a si mesmo: quem nessa vida já pode ficar inútil pra você, sem que você sinta o desejo de jogá-lo fora? É assim que descobrimos o significado do amor. Só o amor nos dá condições de cuidar do outro até o fim. Por isso eu digo: feliz aquele que tem ao final da vida, a graça de ser olhado nos olhos e ouvir a fala que diz: “você não serve pra nada, mas eu não sei viver sem você”.”

Pe Fábio de Melo

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Anathema, 11.11.16

 

...Ouviam-se.

Ouviam-se tanto que as vozes deixaram de se distinguir até que falavam a uma só voz, voz que ditava as regras, decidia os momentos, definia o futuro, embalava a mente e a razão...

 

WorDz

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Anathema, 07.11.16

 

 

É muito estranho quando alguém vai embora sem avisar

 

É estranho quando alguém vai embora sem avisar. As coisas ficam tão quietas como se esperassem uma explicação. E a gente não tem o que falar porque ainda não entendeu nada. Não tem nem coragem de trancar a porta porque aquela pessoa tinha hora certa pra chegar. Depois de um tempo, a gente quer mudar a cama de lugar, colocar uma cortina rendada e alterar a cor da fachada, mas o dia é sempre cinza quando a gente anoitece por dentro. É muito estranha essa sensação de ficar sem lugar dentro da própria casa porque nosso aconchego era no peito de uma pessoa que não mora mais ali. E a gente se dá conta que está desabrigado, empunhando uma saudade que não passa, aguentando um silêncio que não se quebra com a cor da voz daquela pessoa. A ausência ocupa muito espaço. E a tristeza resvala nas coisas que a gente lembra, e a gente se sente tão ferido sem saber qual é a parte que dói mais. A gente tira as coisas do lugar pra ver se as coisas mudam, mas elas continuam gritando o nome daquela pessoa que foi embora. E a gente chora, quer ir embora também pra ver se encontra na rua àquela pessoa, que sempre esteve tão do lado de dentro e agora é como se a gente montasse guarda pra ver se acha algum vestígio, alguma partícula que tenha o cheiro e a voz, que aos poucos vai se dispersando na poeira dos dias. É muito estranho quando alguém vai embora sem avisar e a gente olha aquela roupa mais estimada e pensa que ali dentro vivia uma pessoa feliz. E a gente veste aquela roupa pra tentar se aproximar do cheiro daquela pele, mas é só uma camada de pano cheia de linhas soltas, é só o invólucro da ausência que a gente tenta abraçar pra ver se pega de novo aqueles traços, aquele jeito de olhar, aquelas manias que a gente reclamava e que agora sente saudade até mesmo da toalha molhada em cima da cama, mas, a gente não tem mais aquela toalha. É muito estranho quando alguém “joga a toalha” e vai embora sem avisar porque a gente sempre espera resolver tudo numa conversa antes de deitar e planeja fazer alguma surpresa para o jantar pra ver se fica tudo bem, mas, de repente, aparece essa argola de angústia rodeando o pescoço porque não se sabe se a pessoa perdeu mesmo o rumo de casa ou não quer mais voltar. Mas é estranho porque talvez ela tenha avisado num gesto qualquer, que a gente não tenha interpretado como um sinal de despedida, mas era a última vez, e aí, a gente rebobina as cenas, e chora de novo como se fizesse um “remake” de um filme que já acabou. É estranho… é muito estranho.

 

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Anathema, 07.11.16

 

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Anathema, 06.11.16

 

 

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Anathema, 01.11.16

 

 

Não devemos aceitar as falsas demonstrações de estima de quem sabemos não gostar de nós, de quem adora puxar tapetes, de quem não deixa de falar mal de quem não estiver presente. Essas pessoas devem ter a certeza de que as conhecemos de fato e temos certeza de que a estima delas não procede.

__ Marcel Camargo