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Fevereiro 25, 2019
Anathema
Celebração da desconfiança
No primeiro dia de aula, o professor trouxe um vidro enorme: — Isto está
cheio de perfume — disse a Miguel Brun e aos outros alunos —. Quero medir a
percepção de cada um de vocês. Na medida em que sintam o cheiro, levantem a mão.
E abriu o frasco. Num instante, já havia duas mãos levantadas. E logo
cinco, dez, trinta, todas as mãos levantadas.
— Posso abrir a janela, professor? — suplicou uma aluna, enjoada de
tanto perfume, e várias vozes fizeram eco. O forte aroma, que pesava no ar, tinha-se
tornado insuportável para todos.
Então o professor mostrou o frasco aos alunos, um por um. Estava cheio
de água.
Galeano